domingo, 2 de abril de 2017

Ainda sobre idolatria


Palavra tão constante para designar quem venera o que é externo
Mas tão pouco inserida no contexto da autoanálise
O idolatrar-se,
à quem venera as próprias ideias e convicções
Ao que busca a auto satisfação idônea
Ao que rejeita o outro, por buscar somente seu espaço

Idolatria é consumir desmesuradamente
É ter uma vida guiada e descontornada por vontades e impulsos
Idolatria é vicio, do evidente ao mais sutil
É a soberba de quem se acha maior que Quem lhe criou
É a arrogância de quem não respeita os espaços de fé alheios
O idólatra não sabe dobrar os joelhos à fé, mas o faz à moda ao fútil, ao transitório, à si
Julga quem sacrifica-se, mas não dá passo que não seja em benefício próprio
Não sabe o que permeia as devoções, pois não lê digitais calejadas
Desconhece que mãos amparam os joelhos
Menospreza o que é intercessão, pois não preza pela dor do outro
Somente aponta com suas mãos lisas, dedo constantemente em riste
A maior idolatria está no ostentar, ou nas ambições estéreis
Nas vaidades, no não conformar-se com o tempo que chegou
No esquecimento da alma, no absolutizar-se na aparência
Idolatria é deixar-se alienar
Subir nos palanques da soberba e
Achar-se o mais imune possível
Idolatria é não deixar-se formar 
Sim pode ser no venerar imagens,
principalmente a auto-imagem distorcida pela ausência de auto-desconhecimento e desconhecimento  do Outro
Idolatrar é adorar montes construídos na ausência de amor.

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