quinta-feira, 24 de março de 2016

O que só Deus vê


Quando o cansaço já se torna parte do discurso
E não há disposição interior, puramente na carne, na humanidade
Mesmo assim a alma alavanca o peito desgastado e o inclina a amar
Sem retorno, sem esperar
Se rasga e vai!
Quando olhares externos julgam por achismos, rótulos e autocrítica
e há uma relevância pela história do outro
mesmo que isso nos sangre e nosso orgulho se infle
Quando não se conhece as entrelinhas, mas preferem pontuar os excessos imaginados
Quando o rótulo se faz mais necessário do que o desejo de ser inteiro, intenso, interior
e a vontade de requerer direitos, camuflada de "censo de justiça" transborda
mas é barrada por uma força violenta, chamada primazia
Quando nas madrugadas se consomem lágrimas, letras, pensamentos silenciosos
Quando não há espaço para cuidado mútuo, mas se cobra uma atenção desmedida
Quando esperam nobreza do barro e se frustram quando ele reage fragilmente
ele por vezes aos pedaços. às lascas, sente-se só no recompor-se

Não falhe!
Não esperava tal reação de você...
Você se acha perfeito...

Vozes e olhares que não sabem transcender

Aí está O olhar constante
Que jamais se absteve
Que prima por ver além
e, sente nossos sentires

Porque há um esforço, quando queremos crescer
Porque por não se ser perfeito, busca-se algo Perfeito
Porque antes das luzes e aplausos há escuro e grandes provas
Antes das vaias também
Porque saber a quem se serve não é o fim, mas todo o percurso
Porque as feridas existem e doem
Mas podem não definir o que desejamos oferecer
Não parar nelas
é reconhecer a Quem nos vê.

O amor dói nas entranhas
Isso talvez nunca se veja.

Nenhum comentário: