quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sem pedrinhas



Oh! Confiança plena que ainda me falta...
Ainda meço a profundidade com um olho entreaberto que não tenho coragem de fechar por completo...
Mãos na face? Sim. Entreabro também meus dedos para poder olhar por eles.

Meus braços? Eles deveriam estar abertos, unindo-me em corpo, expressão, verdade ao Teu gesto redentor na cruz...

Lançar-me? Como a cachoeira que desaba, se entrega por inteira, rasgando o coração da natureza, de dia, sem medo de gritar também às noites?
Sim. Lançar-me... Contemplando sim a fumaça das gotinhas d'água, que me abraçarão, obstante à dúvida e desconfiança das rochas, que poderão estar sob o manto d'água.
Não desconfiar mais do Teu poder...
Após vislumbrar gigantes que tombam e minhas mãos pequenas cheia de pedrinhas, não poderei, sem envergonhar-me contar meu exército.

Tomar-te-ei a proteção que me destes? Darei mérito a mim, depois de tantos livramentos? De tantas provas concretas? Eu? Que nem por minhas pernas dou passos retos, quanto mais os passos d'alma, que hoje começam a se firmar, quando debruço-me em seus esteios?

Diante desta rocha de desconfiança, o que podes fazer? (minha "liberdade")
Que semente irrompe a terra tendo sobre ela uma mão a sufocar-lhe? Que peito pode transbordar amor, tendo sobre as bordas de teu cálice os dedos da retenção?

O rio segue seu curso à medida em que seus veios estão livres. De tanto ser desviado, ramificado, afluentado, se não houver impulso, chuva, liberdade suficientes, ele se enfraquece e seca ao longo do caminho.

E é preciso força nessas águas! Força nessas águas! Para que esse abismo se diferencie dos outros, dos secos de outrora, onde preferia eu vislumbrar as pedrinhas em minha mão, do que impulsionar-me para as rochas maiores lá de baixo.



" E Davi respondeu:
Estou em grande angústia. Melhor cairmos nas mãos do Sanhor, cuja misericórdia é grande, do que cair nas mãos dos homens"...
II Sam 24, 14

"Jesus se admirava da desconfiança deles"...

Mc 6,6

Nenhum comentário: