quinta-feira, 12 de junho de 2008

OBrA NoVa

Deparei-me com o deserto que há em mim... Imperfeita e árida superfície. Crostas secas de meus quereres, árido solo de minhas opções, olhares humanos desacreditados, horizontes repetidos de minhas inconstâncias... Eis que de um horizonte que não via de alcance algum Ele surge... O Esposo constante... A cada passo Teu, a terra endurecida de meu peito torna-se macio e fértil terreno. Território de esperança... E Ele vem... Não teme que eu fuja que me volte contra Sua presença.Vem em mim, para mim, de todo a mim... Vem... Acreditando não em minha aceitação, mas certo de que Teus passos cravam naquela terra morta, vida nova.Teus pés sangram, posso notar... Não pela devastadora secura do chãoMas pela dureza de meu coração. Tuas mãos estão chagadas... Não pelas pedras e brutalidades do físico e natural. Mas pelo egoísmo que tanto me tomou... Teu lado, perfurado em profunda fenda viva, tão profunda quanto minha fuga de si. Mas Ele vem... De todo vem... A cada passo teu uma nova vida brota do sólido: plantas, árvores, chance, esperança, desejo... E esse broto que sou eu, agora é regado por teu sangue... A árvore que é cruz, cujos galhos o envolvem e não o sufocam, mas o tornam mais livre. A dor não é fonte de amargura. O lenho de morte torna vida e perfura todas as minhas raízes. Cresço mais, tamanha abundância de água viva que aspiro... E Ele vem...Olha-me nos olhos... E, sem nenhuma palavra me toma... Abre-me Teu peito e me chama a Nele inteiramente entrar... Chama-me a fazê-lo não de maneira qualquerMas pelo Caminho que me desteNa eternidade, na intensidade. Por meio da Paz que só Ele pode conceber à tamanha e incapaz existênciaNada,Nem as tempestades contínuas, intensas, portadoras de impurezas, areia cortante que em agressivo lançar-se cega minha vista... Nem o ressequido de meu revestir-se humano, que como solo toma-se de rasgos e rachaduras, por onde tamanhas impurezas tentam se alojar... Nem a sede e clamor de meus lábios, que em desespero pode querer mirar outras fontes... Nem meu imaginário delirar diante das miragens e falsos oásis. Nada, poderá desviar-me de Teu olhar. Da certeza de que a porta do Teu peito me acolhe, que pela via segura que Ele mesmo abriu, onde chegarei a seu jardim_
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Lugar não menos denso, de não menor ausência de espinhos. Mas deleite de infinita paz, do infinito consolo. E eu, que em meio a tantas e imperfeitas.Hoje devo ser vítima de podaTal ato que mão humana alguma pode conceber. Relutar?Talvez, se sentir saudade das durezas do deserto anterior... Lutar? Sim. Pois me fiz guerreira nessa via...Ir? Mesmo que doa? Vou. É vontade do amado... Isso basta!

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