sábado, 5 de abril de 2008

Sou vaso de argila...

Essa conotação me soava tão simplista no início...
Como somente uma força de expressão quase, poética.

Mas viver o vaso me trouxe outras percepções...

Quão frágil e exposto um vaso pode ser?!?

Não tinha essa dimensão vivencial. Mas nas vezes que fui exposta nos ventos agressivos de minhas limitações e quando senti-me raspar-se por minhas inconstâncias... O vaso deixou de ser um objeto inanimado, mas passou a ter vida, pulsar, dolorir-se, necessitar de umidade para não ressecar...

Tudo se agravou quando percebi que o vaso não estava só, responsável e consequente único de suas quedas. O vaso possuia dentro de si um tesouro, o maior valor, que ultrapassaria sua vã argilosidade...

Mas por que esse Tesouro fora escolher justamente esse vaso frágil para lhe ser tabernáculo? Escolhesse Ele uma embalagem especial, mais adequada, que comportasse e se equivalesse em preciosidade, requinte... Por que um vaso por vezes rachado, com tantas imperfeições e fragilidades?

A esse vaso que sou, hoje, não me cabem tais questionamentos, pois se o Tesouro me haverá escolhido nada mais me caberá além Dele, por inteiro, a mim que por inteira devo comportá-lo...

Tamanha responsabilidade, mas tamanha graça...

Que nada torne esse pequeno e indigno espaço um local de desconfortos interiores para comportar tamanho Bem. Pois por Sua presença, ele abre espaços desconhecidos de dentro para fora em mim...


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