quinta-feira, 11 de junho de 2015

Ser semente, ter raiz



Por vezes, me dói acreditar que sincero não é olhar a vida por telas
Mas o vento novo não conhece os processos do jardim
Não reconhece nos galhos desformes o vento que ali já passou
Não sabe que as raízes expostas são adaptação à aridez do solo que as fez buscar o superficial impenetrável, dos orvalhos menos densos
Mas àquela árvore não nasceu para superficialidades
E não quer ser solitária em sua busca
Busca por vezes a via
Enquanto as àrvores secam sem buscar
Ao redor
De si mesmas
A observam
Mas páram em seus movimentos
Seus sulcos são processos dolorosos, não falta de esforço
Mas o vento novo chega e quer levar diferentes sementes num mesmo soprar
Aí a semente que mais pesa porta mais de si, não voa, não rompe, não brota
Porque não morre em terra
Porque morre em si
Não para os outros
Não está disposta a ser nem mesmo semente
Se mente
Se basta
Se fecha
O que a difere das sementes que se rompem?
O reconhecer do vento que a leva
A força que livremente a faz desejar ser semente
Com toda consciência que isso envolve
Com toda responsabilidade que isso porta
A semente sabe que morre
Se lança
Se ama
Ama
Saudade de ser semente
Saudade do vento que conhece minhas sementes
Sem mentir

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