Ao andar pelo bosque da vida, deparei-me com folhas no chão: verdes, secas, mortas...
Algumas que aparentavam viçosas, mas ao serem tocadas,
reviradas, descobertas, logo mostraram seus espinhos, o lado que ainda não se
deixou tocar (pena... deixou prevalecer seu lado pior)... Aquela mão, ainda que imperfeita talvez
fosse a primeira tentativa de perceber sua verdade com amor...
Algumas oriundas de árvores que imperavam pela altura, mas
que não suportaram a altitude, a busca de instâncias mais altas, que as expunha
a ventos mais exigentes, também não suportavam e caiam prematuramente.
Outras, abortavam seu amarelar, pois se percebiam maduras suficiente para anteciparem o inverno. No chão permaneciam, com saudades da seiva que abandonaram.
Ao tocar as árvores, vi que muitas tinham raízes externas,
que por não terem profundidade impediam que outras se aproximassem...
Outras por terem mais ramificações nas raízes que outras, sugavam a seiva
antes mesmo que as outras se firmassem, e essas não resistiam as cobranças da
terra, servindo mesmo assim de adubo
àquelas que não as viram...
Mas vi centenárias, firmes raízes, que teriam muito a
ensinar não fossem as insistentes parasitas que de pouca capacidade e experiência
buscavam sufocá-las, rotulá-las de dominadoras, sem terem o mínimo esforço no
aprendizado... No desejo de delas muito aprender, somente queria retirar,
absorver, não trocar, não compreender...
Mas quando meu coração cansado desse bosque quis
abandoná-lo, ouvi o canto suave...
Era uma vida pequena que sem saber do passado, presente, circunstância,
ou sem racionalizar muito acerca daquelas árvores, ali construiu seu ninho. Era
vida o que via...
Lembrei-me dos galhos secos de minh’alma... dos espinhos do meu peito...
Do olhar do alto que só quer fazer brotar vida aqui de
dentro
E mais uma vez me decidi pelo bosque da vida...
E amei o
outono com suas cores
suas inconstâncias...
Pois nenhuma estação subsiste sem o Sol.
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