Ah! Se tudo o que respira tivesse voz audível,
compreensível, para poder contar tamanhos feitos...
Se as ondas ao quebrarem nas praias pudessem exprimir a
força que as impulsionou, o que vislumbraram até ali...
Se o tronco que se contorce em vastos anos pudesse traduzir
cada nó que o compôs em contos e histórias da noite, e cada estalo do fogo que
aconchega gritasse sua dor, suas experiências...
Se a noite estendesse preenchida, não só grilos mas
frases que a envolvessem, como a revisão do que foi o dia, e, mesmo no silêncio de repouso, não permanecesse
uma
só lacuna vazia, sem verdade, sem alegria, sem sentido de ser...
Mas a voz compreensível é privilégio de poucos, de criaturas
especialmente criadas para compor em frases, cantos e letras, voz e
compreensão, para dar sentido às formas vistas, traduzindo as cores, dando grito
à profundidade tão perfeita do criado...
Mas antes, de que tudo se exprima em voz, grito, palavra
projetada:
Ouvir...
Ouvir...
Compreender, digerir, como se um filtro de emoções
decantasse aos poucos pelos discernimentos da alma, esta vasta tradutora de
infinitos...
Ouvir...
Para que a voz ganhe forma e seja direcionada aos outros postos capazes de levar tudo mais a
dentro, mais intimamente, mais ao pulsar.
Ah! Se quisessem me escutar...
Nenhum comentário:
Postar um comentário