domingo, 13 de março de 2011

Súbito esperado

Ai, esse caminho...

São os suaves imprevistos que nos fazem parar. São as incompreensões que nos ajudam a dar passos abandonados, pois nada realmente compreenderemos com esforços naturais.
Ai! Esse lançar-se... Como é bom ser essa criança inocente, que abandonada não reage ao inconstante... Como me falta a tal confiança cega de fé, que não se debate em meus impulsos...
 Como quero ser pobre, pequena diante dos feitos, daquilo que minhas mãos emprestadas podem conceber...
Solidão abandonada, ação salvífica de quem trabalha a cada instante para me fazer feliz. 
Ai! Limitada percepção, esta que concebe do imediatismo, enquanto o abundante me espera...
Feliz, é esse peito pequeno, que se contenta com a graça de cada dia. Feliz o que não espera muito das sementes, apenas as lança, com o humilde anseio de vê-las brotar um dia, perto ou longe de seus olhos.
Ai! A santa providência... O santo trabalho do oleiro... Tão calma ação, que pode impacientizar os acostumados com razas raízes, mas que agrada e acalma o peito dos que esperam profundidade e eternidade.
Ai! Tempo santo... O tempo de cada coisa... 
Bendito deserto, onde nada que é superficial suporta a ação do Sol. Bendito és, ordenada constância, que arranca em dores o que é daninho, mas fecunda intensamente o que deve permanecer.
Paz profunda... Tempo que corre sem barulhos, que não se esconde, formando até o último galho passivo, àquele mais suscetível à poda... 
Como é bom não sofrer com o súbito, pois se tem um coração sempre preparado. Nada o surpreende, pois a  cruz, berço acolhedor, lhe serve sempre de apoio. 
Quando se tem calma interior, nenhuma tempestade é dígna de estrondo. Ele permanece lá fora, com seus sons e clarões, mas dentro, onde essa paz habita, calor e constância, é o sentir de tudo.
Ai! Esse cuidado, que vem servir quando das tentações nos distanciamos... 
Bendito consolo, de quem acredita que no final de tudo isso o amor tudo suportará...

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