terça-feira, 20 de abril de 2010

Nada pra mim...




O que são surpresas, quando se está disposto a viver o tudo? E o expor-se consciente na intensidade que é interior, que perde toda compreensão e ciência quando algo que nos é exterior, superior ao palpável (diria, sobrenatural mesmo), age. Quando o que nos é silêncio está gritando; quando nossas aparentes noites são pontos escondidos diante de um Sol que não cessa de brilhar, supremo, mesmo quando insistimos em anoitecer.

Nesse momento posso ser para mim sono e cansaço, por vezes sou solidão e saudade; posso ainda numa diversidades de próprio sentimento, pensamento, ação e reação, sentires externados; posso ter ainda tantas denominações, que circundam as tristezas, as súbitas alegrias, as esperadas realizações, os relâmpagos de consolações, mas não sou para mim e, daí a face do que foi refletido ganha outro prisma. Santo olhar libertador que converte meu olhar e, se preciso cega-o para que predomine a Verdade, não meus achismos. Santo cansaço que, se convertido em solo fértil e capaz, rega, fecunda, potencializa, ao invés de traduzir-se em sequidão e sulcos profundos.

Sei que a disposição ao tudo é titubiante, assim, pois é humana também. Se tivessemos a plena noção de tudo, aqui, muitas dores seriam "evitadas", mas poderiamos talvez viver a mutilação da graça diante da necessária purificação que passa pela dor.

E quando se percebe que existe o imperceptível, que o invisível trabalha incessantemente, percebe-se também que é bom deixar obras mais profundas sob o domínio do invisível, não abrindo mão de percebê-las, ou ao menos sentí-las, pois tal ação ascética, fortalece as veias da alma (são essas também invisíveis).

Mas por que se sofre com o trabalho daquilo que não se vê? Há reparos que só pela sensibilidade adquirida numa contemplação constante, sofrida na consciência de que esvaziar-se é dar espaço ao que é Pleno. Abraçada na livre opção de transcender o palpável e fácil, que só assim e por uma ação inexplicável são possíveis. Ao mesmo modo que dói sem se ver a ferida ou o tamanho do impacto na carne  e na alma, mas na livre consciência de há algo ali que precisa ser curado e mão alguma humana pode fazê-lo, somente pela citada Ação que faz transcender.

Enfim, é deixar-se ir pelo caminho que não nos parece mais estranho, mas cheio de novidades, Daquele que pode nos plenificar dessas...

O que são novidades quando se está disposto a viver o TUDO? 

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