terça-feira, 1 de setembro de 2009

Diante do Esposo

Eis mais uma vez o exercício das vontades
Unir com mais veemência o meu querer ao Teu
Mas agora, descobri que vontade e amor são linhas paralelas
Que não se divide Como um corpo, inteiro que ama
Tua foi a iniciativa de me criar e do nada assim fazê-lo e
Do Tudo e para o Tudo traçar em mim Tuas metas,
minha missão íntima, que a Ti me une, também nesse todo chamado Amor...
Sou corpo, alma, inteireza, como todas as Tuas coisas dadas, ofertadas na plenitude.
A parcialidade não vêm de Ti
Se já nos bastasse Teu corpo,
Teu sangue sobrepuseste-te ao que nos basta e rasgaste o
Teu coração, acrescentando nesse membro sua função radical de amar sem medidas,
De ser o pulsar da vida
Vida santa e com esses pulsar, vida casta, vida inteira
Vida que não teria veias se a pureza não lhe pulsasse
Veias expressadas no olhar, nos atos mais simples e nos mais vitais,
Veias alimentadas pela artéria do amor esponsal
Que na dinâmica desse pulsar não retrocede
Mas constantemente se esvazia, preenche as vias vazias do mundo e
assim renova-se, renova-meE para sintetizar essa grandiosa dinâmica de amor,
Tu me destes um corpo: humano, simples, frágil,
que mesmo ferido pelas marcas do pecado, quiseste redimir, cuidar, tê-lo unido ao Teu
Por reconhecer-me dependente desta dinâmica de constantemente tê-lo em mim, uno minha humanidade
À Tua humana santidade
Uno meu corpo corrompido à sua incorruptível presença,
Oferto junto a Ti os holocaustos do meu querer,
Resistindo às tentações que anseiam me roubar,
me mutilar da inteireza plena que Teu amor me propõe.
Ter essa oferta por graça, mesmo quando tudo se turvar
E se me parece sofrido demais deixar-me moldar, esculpir-me em Teu corpo,
Tua misericórdia coloca ao meu lado um modelo acabado do que queres de mim
Desafia-me com uma imaculada visão, mesmo com todas as minhas predisposições maculadas pelo externo e pelo interno de mim
Mostro-te espinhos, me dás flor branca, plena de perfumes.
Mostro-te deserto me dás um jardim miraculoso de detalhes, oásis na minha aridez
Mostro-te meus pecados e me dás Maria
Meu coração se constrange e na tentativa de inclinar minha cabeça com profunda vergonha,
as mãos cálidas, quentes desta mãe tocam minha face
Ergue-a, lentamente até parar em seu olhar e me fita na alma, com pureza, reintegrando-me à esponsalidade por vezes por mim desprezada, retirando todas as escamas que me cegavam de mim e com voz doce me diz: é possível!É possível então, incondicionar minha vida ao amor.
É possível me realizar na plenitude do outro.
É possível reunir as partes perdidas de mim e ter unicidade da Trindade,
um corpo, uma só vontade com o Esposo.
É possível ser plenamente casta, sem manchas, sem dúbias inclinações
É possível ser uma terra santa, querida, não desamparada
Ser Shalom é possível

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