sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Por que não me arrasta, minha mãe?- Porque tu és livre como eu...








Aproximei-me de uma gruta, aparentemente escura, mas plenamente aquecida...


Eis que uma mão macia, mas firme, delicada, mas aparentemente amadurecida pelo labor, tomou a minha. Era uma mão de mulher...


Segurou-me com àquela firmeza de mãe, que teme que o filho se perca, corra, ou atravesse as vias erradas. Delicadamente ela me conduzia, não arrastando-me, mas como um convite para que eu adentrasse àquele espaço, que já não me parecia tão escuro.


E a luz vinha daquela mulher. Ela era uma chama acesa, que a cada passo para dentro da gruta que dávamos juntas, virava e me olhava nos olhos, num gesto sutil... Tinha um sorriso discreto, mas constante, um ar tímido e ao mesmo tempo descontraído. Era bom admirá-la... Ela era bela, com traços marcantes, olhar penetrante, doce, um convite à paz...



Onde estou? Perguntei em silêncio. Por que devo descer mais profundo nessa fenda, nessa gruta, nesse espaço tão íntimo e tão desconhecido a mim?


O silêncio também me respondeu:
- Essa é fenda que te convidou primeiro, a experiência prima de um Amor Esposo. Esse é o lado aberto de tua vocação, que não te quer estagnada como tantos que estão se voltando para o lado de fora. Outros param no lado de dentro, mas voltam seus olhos constantemente para a saída. Não queira subir agora, mas no descer, na busca desse centro que é teu lugar, combustível e pulsar. Fogo que não consome, fogo abrasador, tão cantado, tão pouco vivenciado por ti. Esse é o cerne, o centro, o descanso de tua'lma...


Era por tuas mãos mulher... Só por tuas mãos que amparam da cruz, que poderia voltar a descer e não a buscar as luzes finitas de fora. Só por tuas mãos, mãe, esposa, que poderia unir-me à luz de dentro que atrai e não cega. Eram tuas mãos que me puxavam e tantas vezes conduziam-me sem forçar-me, quando o que eu mais queria era que me arrastassem. Por que não me arrastas, minha mãe? Sou inconstante e infiel... Me arrasta logo para dentro da gruta viva, do coração do Amado! Lança-me dentro dessa fornalha viva! Cansei-me de minha mornidão... Por que não me arrasta bruscamente para o Amor?


E com o olhar doce que lhe próprio respondeu-me mais uma vez:


- Porque tu és livre como eu...

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*Esse texto foi fruto de uma visualização que tive na ccelebração mariana, com o ícone da Esposa do Espírito, da Célula João Paulo II (D1 e D2/SP) em 21/01/09. Estou aqui em Fortaleza e participando da Célula local fui convidada a partilhar uma experiência com Maria, eis que ela me convidou a externar essa.

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